sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Aula 1: Redação para Enem, vestibulares e outros concursos.

J Dispense o desespero, não há motivo para tal. Escrever uma boa redação para vestibular/concurso não é tarefa extraterrena. Você pode conseguir fazer um bom texto se frequentar nossas aulas e exercitar em casa.

Para que isso seja possível, é preciso entender o que é a redação de vestibular/concurso, por que ela é pedida como critério de seleção para o ingresso ao ensino superior ou a instituições públicas, por quem ela será lida e avaliada, e como ela deve ser escrita.

O que é?

Alguns candidatos até reclamam que ainda não sabem escrever uma redação com qualidade, porém muitos — ou todos — têm uma boa noção do que ela é. E você, o que sabe sobre redação de vestibular/concurso?

Primeiramente, não podemos nos esquecer de que esse gênero textual surge no contexto escolar e somente depois figura como critério de seleção de concursos (como o vestibular, por exemplo). Grande parte deles solicita que o candidato disserte em sua prova de redação.

A nomenclatura dissertação é um pouco equivocada, no entanto. Na verdade, o que realmente se espera do aluno é que ele produza um texto argumentativo ou dissertativo-argumentativo.

Explicamos: A dissertação tem como objetivo explorar certo assunto, explicá-lo, sem, no entanto, incluir um posicionamento ou opinião. Já a argumentação, contrariamente à dissertação, visa convencer o leitor da validade de sua tese, das suas ideias. Inclui a explicação, mas o objetivo da argumentação é, sobretudo, o de persuadir o leitor de que sua opinião sobre determinado assunto é coerente e convincente. É preciso emitir um ponto de vista e defendê-lo.

Sendo assim, chegamos à conclusão que a redação para vestibular/concurso é de caráter opinativo. Ou seja, nela aparecerá uma parte de você e do que pensa sobre o mundo, seus conhecimentos e sua capacidade de julgar e apreciar os acontecimentos. “Escrevo para construir minha própria identidade” — asseverou o escritor e religioso Frei Betto.

Para que é?

Escrever, hoje, é uma necessidade para muitos profissionais e também para estudantes que se vêem às portas da universidade. Num mundo cercado de informações, a capacidade de organizar as ideias por escrito é cada vez mais uma exigência do mercado de trabalho. Além disso, o texto argumentativo-dissertativo é indicador do grau de amadurecimento intelectual daquele que pretende ingressar no ensino superior ou candidatar-se a um cargo — já disse o filósofo da linguagem Wittgenstein: “Os limites da minha linguagem são também os limites do meu pensamento”.

Mais do que o domínio da variedade urbana de prestígio (norma culta), a redação procura avaliar se você está envolvido com os problemas do mundo em que vive, se tem sensibilidade social, preocupação ética, hábito de reflexão, capacidade de usar os conhecimentos adquiridos em favor da coletividade, se sabe usar a linguagem para fazer-se entender e para convencer o outro.

A redação dissertativo-argumentativa serve também para que você demonstre autonomia de raciocínio, para que explore seus conhecimentos. Portanto, ao escrever, explore ideias próprias, fuja do óbvio, do lugar-comum.

Para quem é?

Ter em mente uma nítida imagem de quem será seu leitor é condição central na produção de qualquer texto.

Cada instituição adota critérios distintos para avaliar os candidatos. Boa parte dos critérios, no entanto, é comum a várias bancas do país.

As bancas de hoje gostam de ousadia, mas você deve ousar sem sair da proposta feita pelo enunciado. Por princípio, os avaliadores procuram valorizar mais as qualidades do que os defeitos das redações. Quem vai além do senso-comum mostra marcas de autoria e já está um passo à frente. Não deixe de usar dados e fatos reais que circulam na mídia para provar seus argumentos. Fazer analogias, usar metáforas e comparações maduras em seu texto é uma boa pedida. Mostrar conhecimento de mundo através de citações — bem contextualizadas — do campo da filosofia, da mitologia, da literatura e do cinema, por exemplo, enriquece sua argumentação.

Quanto à correção gramatical, ela é vista como necessária, mas não suficiente. Antes, era considerado um bom texto aquele que se apresentava de acordo com a variedade urbana de prestígio; a capacidade persuasiva não recebia a devida importância. Hoje, um bom texto é aquele em que o candidato mostra boa capacidade de pensar e de expressar-se, em que se preocupa tanto com forma quanto com o conteúdo.

J Ingredientes para um bom desempenho:

1) Obediência estrita ao gênero (a redação pedida costuma ser do tipo dissertativo-argumentativo);

2) Obediência estrita ao tema (assunto: aspecto mais amplo; tema: aspecto mais parcial do assunto, recorte);

3) Discurso na variedade urbana de prestígio (norma culta);

4) Texto coeso, resultado de um planejamento cuidadoso.

L Erros mais condenados pelas bancas:

1) Letra ruim ou ilegível;

2) Fuga ao gênero proposto (há textos que são predominantemente dissertativos quando deveriam ser predominantemente argumentativos; outros que mais parecem crônicas jornalísticas ou narrativas históricas, por exemplo);

3) Redações “camicase”, que tentam obter extremo sucesso com o risco do extremo fracasso: redações em verso, jogos visuais com palavras ou frases, piadinhas, desenhos etc.

4) Colagem de textos da coletânea. É permitido “compartilhar” opiniões e informações neles contidas, citar trechos, porém copiar é proibido! Reescreva o que leu com suas palavras — ou seja, faça paráfrases.

Como é?

Em sua maioria, as redações solicitadas para concurso/vestibular são do tipo dissertativo-argumentativo. São obtidas a partir de um tema (aspecto mais parcial) oferecido, que é um recorte sobre um determinado assunto (aspecto mais amplo). Por exemplo, no Processo Seletivo 2010, a Universidade Federal de Sergipe teve como assunto a água. O recorte temático (tema) foi a necessária preocupação com o uso correto da água doce existente no Brasil, a fim de preservar as condições futuras de vida.

Em sua redação, você deve defender ideias, questionar fatos, oferecer seu ponto de vista sobre circunstâncias, ações e acontecimentos relacionados ao tema. Os argumentos devem estar ordenados de tal forma que alcancem o leitor e o façam considerar a verdade que ali se expõe e se tenta comprovar.

Comumente são dadas ao candidato de 20 a 30 linhas para escrever seu texto, que deve ser composto pelo conhecido e eficiente esquema: Introdução (onde constará sua tese), Desenvolvimento (parte maior e mais significativa do texto opinativo) e Conclusão (reafirmação da sua tese).

É equivocada a ideia de que quanto menos se escreve menos se erra. O peso do erro depende da quantidade de linhas escritas.


¨ Quer saber mais?

Texto & Interação. William Roberto Cereja & Thereza Cochar Magalhães. Atual, 2005.

Redação: Ensino Médio, livro 2. Sistema de Ensino Poliedro, por Esther Pereira Silveira Rosado. 1ª edição. 2010.

Redação linha a linha. Thaís Nicoleti de Camargo. Publifolha, 2004.

Revista Língua Portuguesa: Especial Redação. Editora Segmento, outubro de 2008.

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