sábado, 13 de fevereiro de 2010

Quem é você? (Produção textual)


Quem sou eu? Desde que me entendo por gente, faço-me essa pergunta, e até hoje só tive uma conclusão: “só sei que nada sei”. Assim que penso (sim, apenas penso) que sei como são as coisas, vem a vida e “puft” — dá-me uma bofetadinha na cara chamando-me “tolinha”... Ou quando aceito-me “tolinha”, vem a vida e me cobre de sorrisos e esperanças entregando-me o mundo —“é para você, minha querida”...

Ouvi dizer que a gente é o que a gente gosta. E o meu gostar é imenso; caberá tudo aqui? Todas as pessoas, as emoções, os momentos, os sons, os cheiros e os gostos? Caberei dentro do que sou?

De início, usarei os gritos musicais de Gal pra dizer que, sobretudo, “eu sou AMOR da cabeça aos pés”. Sou Gal, com a força e a beleza dos anos 70. Porém, sou Bethaniíssima! Em todos os tempos e lugares, sou Bethânia na alma; na tristeza ou na felicidade, na pobreza ou na riqueza, na saúde ou na doença, sou Bethânia até morrer.

Sou Bahia, samba-de-roda, orixás, axé. Sou Aracaju querendo ser cidade grande. Sou planejamento, organização, curtas distâncias; sou todo-mundo-se-conhece. Sou pôr-do-sol, nascer do sol, final e recomeço. Sou mar e sou do mar. Sou vento no rosto (eparrei, minha mãe!). Sou céu azulíssimo. Sou LIBERDADE.

Sou apego, anotações, listas, bilhetes, diário. Papeis, cadernos, revistas, livros. Mais papeis, mais cadernos, mais revistas, mais livros. Sou filme: sofá de casa, cinema, download — tanto faz. E música... musicalizada musicadora musicomania musicalimento, musicavida. Preciso volta a ser yoga.

Sou choro e vela, mas principalmente sorriso. Sou chiclete sem açúcar, pão integral, suco, sanduíche natural brigando com minha chocolatria. Sou doce, dulcíssima. Sou superlativo. Sou exagero.

Sou beijo e abraço, mensagem no celular, poema no Orkut. Sou horas ao telefone. Sou MSN. Sou ônibus, um dia serei carro, e adoraria ser moto. Sou viagem e saudade. Sou carnaval de Olinda, Verão Sergipe, Forró-Caju (o ano inteiro). Sou Curta-se, Notívagos, Rua da Cultura, Beco dos Cocos. Sou as chuvas de julho completando o sol do ano inteiro. Não sou Natal nem Ano Novo. Sou sexta-feira e sempre pronta. Sou, sem querer, shopping. Sou supermercado, geladeira cheia. Não sou cerveja nem cigarro decididamente.

Sou tapioca recheada, cuscuz com ovo, macaxeira de qualquer jeito. Sou suco de laranja in natura, pirão, caranguejo, sushi. Sou lanchonete, banquinho, esquina.

Sou banho tomado, sandália rasteira, cabelo sempre cacheado, vestido e arco-íris. Tinha asco, mas hoje ando sendo rosa (pink, que o rosa-bebê é demais pra mim). Sou poá, listrinhas, xadrezinho, chita, flores. Ah, como sou flores!

Sou colheita de amigos, horinhas de descuido, cuidados maternais. Sou titia! Sou rituais, fotografias, pinturas, arte. Os nus de Modigliani, a festa de Romero Britto, a brejeirice de Di Cavalcanti, a (in)sensatez de Dali, a paixão de Magritte, a fluidez de Klimt, a vanguarda de Warhol. Sou notebook, movimento, dança (sou a vontade da dança). Sou vontade.

Sou Capitu e os olhos de cigana oblíqua e dissimulada; Macabea e a rejeição do mundo; Fraülein e o amor intransitivo; Dona Flor, danada! Sou Fernanda Young e o corpo tatuado; Elisa Lucinda e o amor descarado. Sou Pessoa e a lucidez; Bandeira e a verdade; Vinicius e a malícia; Leminsk, rápido e certeiro.

Sou sala de aula e planos e planos e planos. Quero ser mais. E caberá mais em mim? Sim, sim. Sempre cabe. Sou infinito.

(texto de Débora Souza)


segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

s i m s i m s i m



SIM, são três letrinhas
Todas bonitinhas
Fáceis de dizer
Ditas por você
Nesse seu sim, assim
Outras três também
Representam NÃO
Que não fica bem no seu coração

É minha canção, resto de oração
Que fugiu da igreja
Não quis mais do vinho
Foi tomar cerveja
Voltou ao jardim

E tá esperando gente
Que só disse SIM