domingo, 21 de novembro de 2010

Homossexualidade ou Homofobia – Onde Está a Vergonha?

10% das populações são gays. Quantas pessoas você conhece? Quantas se declaram ou evidenciam ser homossexuais? Pois é… provavelmente, bem menos que 10%…
Logo, muitas das que você tem como héteros são homoafetivas – talvez muito próximas de você –, e não se sentem à vontade para se apresentar como são, tamanha a perseguição a que se vêem submetidas, desde sempre e em toda parte. Você contribui para isso?
Pode ser a pessoa mais amada: seu pai, sua mãe, seu filho, sua filha, o maior ídolo, o líder religioso ou a grande mestra… Você é dado a piadas de mau gosto, na frente de gays, possivelmente… Não por acaso 1/3 dos homossexuais tenta (disse “tenta”, e não “pensa em”) suicídio.
Você diz que a homossexualidade é contra as leis de Deus? Por quê? Por estar na Bíblia? A Bíblia manda que mulheres fiquem caladas nas igrejas e obedeçam aos maridos, e determina matemos os hereges, os que não sejam judeus, como você e eu. Você concorda com isso? Devemos cometer suicídio em massa, para seguir a Palavra de Deus? Por que não? Por que a situação mudou de figura? Só porque você está no meio desta nova classificação dos condenados pela Bíblia? Hum… A Bíblia está errada, então? Acho que não – vou ajudá-lo: penso que o problema está na interpretação, que precisa ser modificada, não devendo ser literal, nesta parte do escrito sagrado, para que não persigamos inocentes. E por que poderia ser alterada num ponto e não em outros? Por que devemos preservar a caça aos gays? O que foi que eles fizeram mesmo?
Diz você que se põe contra a expressão “gay”, para proteger o patrimônio da família. E por que homossexuais nascem de lares heterossexuais? Não há nenhum indício científico de contágio gay… E, se há contágio de tendências sexuais, por que os heterossexuais não contaminam os gays, que são minoria?
Você acredita que é um vício ou uma depravação… Mas a ciência já coleta evidências numerosas de que o cérebro dos homossexuais é diferente do dos heterossexuais, e que a inclinação homoerótica é-lhes instintiva, fisiológica, como igualmente acontece em animais.
Ah… então você afirma que o que é natural não deve ser seguido, que precisamos domar a natureza. Creio que isso também queira dizer que o sexo heterossexual, que também é instintivo e natural, deve ser freado, quando não servir à reprodução da espécie!? Digamos que alguém só pode fazer sexo três vezes durante toda a vida, o bastante para conceber três filhos, e que toda cópula adicional seria uma entrega injustificável aos apelos da Natureza. Ah… mas então você quer dizer que, embora quase sempre o coito heterossexual não seja reprodutivo, ainda assim não é pecaminoso. E por que mesmo este predicado condena a cópula gay?
Estou um pouco confuso… Qual é mesmo o seu argumento contra os gays? Creio que você não seja tão estúpido para dizer algo como: “Não gosto”, “Tenho nojo”, ou “Sempre foi assim”, ou “Me disseram desde a infância que era assim”. Você não seria assim tão desprovido de cérebro, seria?
Ah… você não gosta do espalhafato da parada gay… E ainda assim ela é necessária, para chamar a atenção para a existência e direito de expressão de um décimo de toda a espécie humana, sem contar os bissexuais, que podem constituir a maioria de todos os componentes de nossa espécie… E… por falar em espalhafato… o que você acha dos desfiles de Carnaval das escolas de samba, ou das praias brasileiras, abarrotadas de gente seminua, nos dias de fim de semana e feriado, com casais heterossexuais aos montes, confiados a toques sensuais e beijos de língua diante de crianças? Chamaríamos tudo isso de orgia heterossexual e deveríamos prender todos os infratores ou repudiar cada casal adolescente que trocasse saliva em público? Eu particularmente considero horrível e de mau gosto qualquer demonstração de afetividade sexual em público, seja hétero ou homossexual. Você só repudia uma delas? Por quê?
Você os vê promíscuos? Tente proibir heterossexuais, desde o berço, de demonstrarem quem são, diga-os aberrações diante de Deus, vergonha familiar e ridículo social, e lance-os em guetos (isso quando conseguem descobrir um reduto onde possam se manifestar). No correr de anos, assim sendo tratada, como ficaria a maior parte dos seres humanos submetidos a esta ordem contínua de opressão de suas almas, contra suas manifestações de liberdade, de seus sentimentos e identidade psicológica?
Oh… sim… você diz que não é contra os homoeróticos, mas não quer que seus filhos sejam componentes dessa comunidade, com a justificativa de que sofrerão discriminação… Então, você começa por pressioná-los e discriminá-los em casa? Não seria seu dever fazer exatamente o contrário? Você não deveria oferecer um apoio duplamente maior a seu filho, na hipótese de ele ser gay, já que uma parcela expressiva da sociedade não o apoiará, como o faria, se fosse heterossexual?
Teme que as pessoas se afastem dele ou de você? Ah… você quer ser aprovado e admirado pelas qualidades de seus filhos, e não que eles sejam felizes e se realizem – é isso mesmo? Quer que eles se submetam a seus caprichos ou de indivíduos perversos e ignorantes que só valorizam o que a massa valoriza? Se você não se enquadra neste perfil, responda-me, então: quem mesmo se afastará de você e de seu círculo familiar, caso surja homossexualidade em sua família? Gente preconceituosa e dada a perseguir minorias? Meu Deus! Que presente dos Céus! Sendo assim, em tendo descoberto inclinação gay em alguns de seus parentes ou mesmo em si, fale logo a todo mundo, para que as pessoas que realmente “não prestam” – os preconceituosos e caçadores de bruxas, hipócritas e mesquinhos, caluniadores e desocupados de má índole – se afastem de você, de seus filhos, de sua família e de seu ambiente social. Principalmente, porque os componentes desta – escusem-me o palavreado, mas falo por milhões de inocentes atormentados injustamente – corja homofóbica, todos mentirosos e dissimulados, querem, atacando os gays de fora de suas casas, esconder os que têm dentro (eles mesmos talvez – já se viu algum heterossexual resolvido ter problema com gays?), visto que, como constituem um décimo da população, os homossexuais estão tão em torno daqueles, como em torno de você!…
Desculpe-me, assim, a franqueza, mas, para qualquer pessoa instruída, hoje, ser homofóbico representa ou interpretação hipócrita e retrógrada de textos religiosos, ou desinformação sobre os últimos avanços da ciência, para não falar de imaturidade e inclinação mesquinha a condenar os diferentes de seu modo de ser – uma vergonha para qualquer cidadão que se diga educado, lúcido e justo.
Ah… você discorda? Pois é: mas precisa contra-argumentar à altura… e… amigo, só tenho visto histeria neo-nazista de fundamentalistas genocidas a rebaterem nossas argumentações. Contudo, ainda que escolha esse caminho horrendo e sem respaldo algum nos meios cultos e maduros da Terra, por favor, se não quiser cometer o maior dos erros, tire Deus dessa história, porque, camarada, a ciência já revelou que a homossexualidade está na Natureza (com 450 espécies de mamíferos a apresentarem-na, além da espécie humana), e se você julga errada a Natureza, estará atacando o Seu Autor.


O texto foi recebido pelo médium Benjamin Teixeira no dia 02 de Abril de 2009 pelo espírito Roberto.
(Fonte: http://www.cinform.com.br/blog/anteriores/242009151036343)

quinta-feira, 10 de junho de 2010

Viver


Vovô ganhou mais um dia. Sentado na copa, de pijama e chinelas, enrola o primeiro cigarro e espera o gostoso café com leite.
Lili, matinal como um passarinho, também espera o café com leite. Tal e qual vovô.
Pois só as crianças e os velhos conhecem a volúpia de viver dia a dia, hora a hora, e suas esperas e desejos nunca se estendem além de cinco minutos...

(QUINTANA, Mário. Sapato florido. Porto Alegre: Editora Globo, 2005)

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Dúvidas Pascais


- Papai, o que é Páscoa?
- Ora, Páscoa é... bem... é uma festa religiosa!
- Igual ao Natal?
- É parecido. Só que no Natal comemora-se o nascimento de Jesus, e na Páscoa, se não me engano, comemora-se a sua ressurreição.
- Ressurreição?
- É, ressurreição. Marta, vem cá!
- Sim?
- Explica pra esse garoto o que é ressurreição pra eu poder ler o meu jornal.
- Bom meu filho, ressurreição é tornar a viver após ter morrido. Foi o que aconteceu com Jesus, três dias depois de ter sido crucificado.
Ele ressuscitou e subiu aos céus. Entendeu?
- Mais ou menos... Mamãe, Jesus era um coelho?
- Que é isso menino? Não me fale uma bobagem dessas! Coelho! Jesus Cristo é o Papai do Céu! Nem parece que esse menino foi batizado! Jorge, esse menino não pode crescer desse jeito, sem ir numa missa pelo menos aos domingos. Até parece que não lhe demos uma educação cristã! Já pensou se ele solta uma besteira dessas na escola? Deus me perdoe! Amanhã mesmo vou matricular esse moleque no catecismo!
- Mamãe, mas o Papai do Céu não é Deus?
- É filho, Jesus e Deus são a mesma coisa. Você vai estudar isso no catecismo. É a Trindade. Deus é Pai, Filho e Espírito Santo.
- O Espírito Santo também é Deus?
- É sim.
- E Minas Gerais?
- Sacrilégio!!!
- É por isso que a Ilha da Trindade fica perto do Espírito Santo?
- Não é o Estado do Espírito Santo que compõe a Trindade, meu filho, é o Espírito Santo de Deus. É um negócio meio complicado, nem a
mamãe entende direito. Mas se você perguntar no catecismo a professora explica tudinho!
- Bom, se Jesus não é um coelho, quem é o coelho da Páscoa?
- Eu sei lá! É uma tradição. É igual a Papai Noel, só que ao invés de presente ele traz ovinhos.
- Coelho bota ovo?
- Chega! Deixa eu ir fazer o almoço que eu ganho mais!
- Papai, não era melhor que fosse galinha da Páscoa?
- Era... era melhor, sim... ou então urubu.
- Papai, Jesus nasceu no dia 25 de dezembro, né?
- É.
- Que dia que ele morreu?
- Isso eu sei: na Sexta-feira Santa.
- Que dia e que mês?
- (???) Sabe que eu nunca pensei nisso? Eu só aprendi que ele morreu na Sexta-feira Santa e ressuscitou três dias depois, no Sábado de
Aleluia.
- Um dia depois!
- Não, três dias depois.
- Então morreu na quarta-feira.
- Não, morreu na Sexta-feira Santa... ou terá sido na Quarta-feira de Cinzas? Ah, garoto, vê se não me confunde! Morreu na sexta
mesmo e ressuscitou no sábado, três dias depois! Como? Pergunte à sua professora de catecismo!
- Papai, por que amarraram um monte de bonecos de pano lá na rua?
- É que hoje é Sábado de Aleluia, e o pessoal vai fazer a malhação do Judas. Judas foi o apóstolo que traiu Jesus.
- O Judas traiu Jesus no sábado?
- Claro que não! Se Jesus morreu na sexta!!!
- Então por que eles não malham o Judas no dia certo?
- Ui...
- Papai, qual era o sobrenome de Jesus?
- Cristo. Jesus Cristo.
- Só?
- Que eu saiba sim, por quê?
- Não sei não, mas tenho um palpite de que o nome dele era Jesus Cristo Coelho. Só assim esse negócio de coelho da Páscoa faz sentido,
não acha?
- Ai Coitada!
- Coitada de quem?
- Da sua professora de catecismo!

(Luis Fernando Veríssimo)

quarta-feira, 17 de março de 2010

O meu guri (Chico Buarque, 1981)

Quando, seu moço, nasceu meu rebento
Não era o momento dele rebentar
Já foi nascendo com cara de fome
E eu não tinha nem nome pra lhe dar
Como fui levando, não sei lhe explicar
Fui assim levando ele a me levar
E na sua meninice ele um dia me disse
Que chegava lá

Olha aí
Olha aí
Olha aí, ai o meu guri, olha aí
Olha aí, é o meu guri
E ele chega

Chega suado e veloz do batente
E traz sempre um presente pra me encabular
Tanta corrente de ouro, seu moço
Que haja pescoço pra enfiar
Me trouxe uma bolsa já com tudo dentro
Chave, caderneta, terço e patuá
Um lenço e uma penca de documentos
Pra finalmente eu me identificar, olha aí
Olha aí, ai o meu guri, olha aí
Olha aí, é o meu guri
E ele chega

Chega no morro com o carregamento
Pulseira, cimento, relógio, pneu, gravador
Rezo até ele chegar cá no alto
Essa onda de assaltos tá um horror
Eu consolo ele, ele me consola
Boto ele no colo pra ele me ninar
De repente acordo, olho pro lado
E o danado já foi trabalhar, olha aí
Olha aí, ai o meu guri, olha aí
Olha aí, é o meu guri
E ele chega

Chega estampado, manchete, retrato
Com venda nos olhos, legenda e as iniciais
Eu não entendo essa gente, seu moço
Fazendo alvoroço demais
O guri no mato, acho que tá rindo
Acho que tá lindo de papo pro ar
Desde o começo, eu não disse, seu moço
Ele disse que chegava lá
Olha aí, olha aí
Olha aí, ai o meu guri, olha aí
Olha aí, é o meu guri

Produção de painel sobre a Declaração dos Direitos da Criança

Produzir um painel com textos verbais e não verbais (imagens), que mostrem situações em que os direitos da criança apresentados na Declaração feita pela ONU são ou tenham sido respeitados ou desrespeitados.

O painel deverá conter pelo menos 4 modelos de texto, sendo

1. Um texto não literário: notícia, reportagem ou artigo jornalístico.

Por exemplo: Escolha uma reportagem (completa ou trecho considerável) sobre crianças de povoados pobres que estão na escola. Monte-a no painel com a legenda: Princípio 7 - "A criança tem direito a instrução gratuita e obrigatória".

2. Um texto literário em verso ou em prosa: poema, letra de música, romance, conto, crônica (completo ou trecho).

Por exemplo: Escolha uma música como "O meu guri", de Chico Buarque, que trata de um menino que nasceu e se criou em situação social de risco, de miséria e crime. Pelo fato de a narração ser construída sob o ponto de vista da mãe, a história ganha ternura e inocência.
Como legenda, coloque o Princípio 4 - " A criança tem direito à segurança social. Para que possa crescer e se desenvolver sadiamente, deve-se assegurar a ela e à sua mãe auxílio e proteção especiais e, particularmente, assistência pré e pós-natal adequada. A criança tem direito a alimentação, moradia, diversão e aos cuidados médicos necessários".

Link para letra e vídeo: http://vagalume.uol.com.br/chico-buarque/o-meu-guri.html(a letra encontra-se no post seguinte a este)

3. Um texto não-verbal: fotografia, reprodução de fotografia, gravura, ilustração, desenho artístico, pintura, reprodução de pintura.



Princípio 10 - "A criança deve ser protegida contra atitudes ou influências que possam induzi-la a qualquer forma de discriminação racial, religiosa ou de outro gênero. Ela deve ser educada num espírito de compreensão, tolerância, amizade para com todos os povos, paz e fraternidade universal, e na consciência de que deverá colocar a sua energia e o seu talento a serviço do próximo".

Foto de Cartier Bresson.

4. Um texto verbal e não-verbal: charge ou tirinha.

Princípio 8 - "Para que sua personalidade se desenvolva de maneira harmoniosa, a criança precisa de amor e compreensão. Na medida do possível, ela deve crescer sob a custódia dos pais ou, caso contrário, numa atmosfera de carinho e segurança moral e material".

Charge de Angeli.




OBSERVAÇÕES:

a)Todos os textos devem ter legenda, ou seja, a transcrição completa ou apenas parcial do Princípio a que se referem.
b) O mínimo é de 4 (quatro textos); mas, por favor, eu sei que vocês podem mais do que isso, então caprichem!
b)Pode haver mais de um texto para o mesmo Princípio - por exemplo, uma charge e uma notícia sobre crianças na escola (Princípio 7).
c) O material do painel, a ordem e a disposição dos textos ficará a critério do grupo. Usem a criatividade e façam um trabalho com conteúdo significativo e beleza.

O resultado será feito em grupo de até 5 pessoas, e exposto nas dependências do Colégio Jardins.

Data de entrega e apresentação: 25 de março de 2010 (quinta-feira).

Valor: 3,0 (três) pontos.

DIVIRTAM-SE, MEUS AMORES!

Qualquer dúvida, escrevam-me: professoradebora@oi.com.br! ;)

quinta-feira, 11 de março de 2010




Sorri,
Quando a dor te torturar
E a saudade atormentar
Os teus dias tristes, vazios

Sorri,
Quando tudo terminar
Quando nada mais restar
Do teu sonho encantador

Sorri,
Quando o sol perder a luz
E sentires uma cruz
Nos teus ombros cansados, doridos

Sorri,
Vai mentindo a tua dor
Que ao notar que tu sorris
Todo mundo irá supor
Que és feliz

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Quem é você? (Produção textual)


Quem sou eu? Desde que me entendo por gente, faço-me essa pergunta, e até hoje só tive uma conclusão: “só sei que nada sei”. Assim que penso (sim, apenas penso) que sei como são as coisas, vem a vida e “puft” — dá-me uma bofetadinha na cara chamando-me “tolinha”... Ou quando aceito-me “tolinha”, vem a vida e me cobre de sorrisos e esperanças entregando-me o mundo —“é para você, minha querida”...

Ouvi dizer que a gente é o que a gente gosta. E o meu gostar é imenso; caberá tudo aqui? Todas as pessoas, as emoções, os momentos, os sons, os cheiros e os gostos? Caberei dentro do que sou?

De início, usarei os gritos musicais de Gal pra dizer que, sobretudo, “eu sou AMOR da cabeça aos pés”. Sou Gal, com a força e a beleza dos anos 70. Porém, sou Bethaniíssima! Em todos os tempos e lugares, sou Bethânia na alma; na tristeza ou na felicidade, na pobreza ou na riqueza, na saúde ou na doença, sou Bethânia até morrer.

Sou Bahia, samba-de-roda, orixás, axé. Sou Aracaju querendo ser cidade grande. Sou planejamento, organização, curtas distâncias; sou todo-mundo-se-conhece. Sou pôr-do-sol, nascer do sol, final e recomeço. Sou mar e sou do mar. Sou vento no rosto (eparrei, minha mãe!). Sou céu azulíssimo. Sou LIBERDADE.

Sou apego, anotações, listas, bilhetes, diário. Papeis, cadernos, revistas, livros. Mais papeis, mais cadernos, mais revistas, mais livros. Sou filme: sofá de casa, cinema, download — tanto faz. E música... musicalizada musicadora musicomania musicalimento, musicavida. Preciso volta a ser yoga.

Sou choro e vela, mas principalmente sorriso. Sou chiclete sem açúcar, pão integral, suco, sanduíche natural brigando com minha chocolatria. Sou doce, dulcíssima. Sou superlativo. Sou exagero.

Sou beijo e abraço, mensagem no celular, poema no Orkut. Sou horas ao telefone. Sou MSN. Sou ônibus, um dia serei carro, e adoraria ser moto. Sou viagem e saudade. Sou carnaval de Olinda, Verão Sergipe, Forró-Caju (o ano inteiro). Sou Curta-se, Notívagos, Rua da Cultura, Beco dos Cocos. Sou as chuvas de julho completando o sol do ano inteiro. Não sou Natal nem Ano Novo. Sou sexta-feira e sempre pronta. Sou, sem querer, shopping. Sou supermercado, geladeira cheia. Não sou cerveja nem cigarro decididamente.

Sou tapioca recheada, cuscuz com ovo, macaxeira de qualquer jeito. Sou suco de laranja in natura, pirão, caranguejo, sushi. Sou lanchonete, banquinho, esquina.

Sou banho tomado, sandália rasteira, cabelo sempre cacheado, vestido e arco-íris. Tinha asco, mas hoje ando sendo rosa (pink, que o rosa-bebê é demais pra mim). Sou poá, listrinhas, xadrezinho, chita, flores. Ah, como sou flores!

Sou colheita de amigos, horinhas de descuido, cuidados maternais. Sou titia! Sou rituais, fotografias, pinturas, arte. Os nus de Modigliani, a festa de Romero Britto, a brejeirice de Di Cavalcanti, a (in)sensatez de Dali, a paixão de Magritte, a fluidez de Klimt, a vanguarda de Warhol. Sou notebook, movimento, dança (sou a vontade da dança). Sou vontade.

Sou Capitu e os olhos de cigana oblíqua e dissimulada; Macabea e a rejeição do mundo; Fraülein e o amor intransitivo; Dona Flor, danada! Sou Fernanda Young e o corpo tatuado; Elisa Lucinda e o amor descarado. Sou Pessoa e a lucidez; Bandeira e a verdade; Vinicius e a malícia; Leminsk, rápido e certeiro.

Sou sala de aula e planos e planos e planos. Quero ser mais. E caberá mais em mim? Sim, sim. Sempre cabe. Sou infinito.

(texto de Débora Souza)


segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

s i m s i m s i m



SIM, são três letrinhas
Todas bonitinhas
Fáceis de dizer
Ditas por você
Nesse seu sim, assim
Outras três também
Representam NÃO
Que não fica bem no seu coração

É minha canção, resto de oração
Que fugiu da igreja
Não quis mais do vinho
Foi tomar cerveja
Voltou ao jardim

E tá esperando gente
Que só disse SIM